Teoria do Agendamento, o jornalismo como distribuidor de saberes.
"(...)em consequência da ação dos jornais, da televisão e dos outros meios de informação, o público sabe ou ignora, presta atenção ou descura, realça ou negligencia elementos específicos dos cenários públicos. As pessoas têm tendência para incluir ou excluir dos seus próprios conhecimentos aquilo que o
mass media incluem ou excluem do seu próprio conteúdo. Além disso, o público tende aquilo que esse conteúdo inclui uma importância que reflete de perto a ênfase atribuída pelos
mass media aos acontecimentos, aos problemas, às pessoas."
Donald Shaw , 1979 (In: WOLG , 1994)A origem do conceito de agendamento está no pensamento de Walter Lippman. Jornalista norte-americano de grande atuação em pesquisas de opinião nos Estados Unidos da primeira metade do século passado, Lippman constituiu uma das mais respeitadas obras de estudos da cultura de massa e opinião pública da época, com ressonância até hoje. Para ele, " a notícia não é um espelho das condições sociais, mas um relato de um aspecto que se impôs". É seguindo esta linha de pensamento , que o autor aproxima os conceitos de notícia e opinião pública.
No entanto, a formulação clássica do conceito surge nos Estados Unidos no final da década de sessenta com Maxwell E. McCombs e Donald Shaw.
A Teoria do Agendamento pressupõe que as notícias são como são porque os veículos de comunicação nos dizem em que pensar, como pensar e o que pensar sobre os fatos noticiados.A teoria do agendamento defende a ideia de que os consumidores de notícias tendem a considerar mais importantes os assuntos veiculados na imprensa, sugerindo que os meios de comunicação agendam nossas conversas. Ou seja, a mídia nos diz sobre o que falar e pauta nossos relacionamentos.
A hipótese do
agenda setting não defende que a imprensa pretende persuadir. A influência da mídia nas conversas dos cidadãos advém da dinâmica organizacional das empresas de comunicação, com sua cultura própria e critérios de noticiabilidade. Nas palavras de Shaw, citado por Wolf, "as pessoas têm tendência para incluir ou excluir de seus próprios conhecimentos aquilo que os
mass media incluem ou excluem do seu próprio conteúdo". É disso que se trata o agendamento.
Na maioria dos casos, estudos baseados nessa teoria referêm-se a confluência entre a agenda midiática e agenda pública. Entretanto, seus objetivos não são verificar mudanças de voto ou de atitude, mas sim a influência da mídia na opinião dos cidadãos sobre que assuntos devem ser prioritariamente abordados pelos políticos. No Rio de Janeiro, por exemplo, o assunto violência tem espaço diário nos jornais. Adivinhem que tema os políticos mais falam?
A ação da mídia no conjunto de conhecimentos sobre a realidade social forma a cultura e age sobre ela. Para Noelle Neumann, citada por Wolf, essa ação tem três características básicas:
- Acumulação: é a capacidade da mídia para criar e manter relevância de um tema.
- Consonância: as semelhanças nos processos produtivos de informação tendem a ser mais significativas do que as diferenças.
- Onipresença: o fato da mídia estar em todos os lugares com o consentimento do público, que conhece sua influência.
Concluindo, a teoria do agendamento nos diz, que as notícias pautam nosso dia a dia, nossas conversas e isso acontece com o poder da mídia de selecionar o mais importante e nos fazer enchegar que aquilo é sim o mais importante. As vezes o poder convencimento da mídia parece manipulação, mas não é, a mídia simplesmente expõe as notícias que julgam importante e o público, tradicionalmente, acredita sem duvidar e repassa aquele assunto para frente, sem questionar.